Rosa, pink, roos, dou, mawar, trandafir, rose, rosado é a cor que nos foi designada, que assumimos, que rejeitamos, que nos marca, nos manja, nos rotula, queremos isso ou não? Seja limpo ou seja sujo, novo ou usado, brilhante ou opaco, essa cor nos serve? Mas as cores servem mesmo para identificar as pessoas? Rosa, negro, branco, amarelo...Pele vermelha? De que serve valorar as pessoas pelas cores que carregam, com as quais nascem, ou as que incorporam durante a vida? Qual cor pode? Qual não pode? Qual a cor é a certa? Tem cor certa? Tem cor errada? Por quê essa e não outra? E por quê outra e não essa? Rosa é parente do vermelho, que é sangue e paixão, que é perigo e atenção, vermelho que é sagrado e profano, que é agressivo e pulsante, vermelho que é feminino...é mesmo? O rosa é quase tudo isso, pois é parente do vermelho, é mesmo?
Também ganhamos as seis cores do arco-iris, que representam muitas das nossas caracteristicas. Representam mesmo? Quais? Qual a cor do desprezo que recebemos? E qual a cor de um insulto, qual a cor da violência, qual a cor do abandono, da negligência, do preconceito, da discriminação? Por fora, temos muitas cores. Temos? E por dentro? Por dentro, somos quase sempre rosa. Quase sempre nossa pele, por dentro, é rosa. Quase sempre, quase mesmo? E qual é o gosto dessa pele rosa, dessa mucosa, quando ela se expõe pelo cu, pela buceta ou pelas tetas? Um cu rosa tem o mesmo gosto de um pinto rosa? Um mamilo rosa e uma lingua amarela? Uma buceta roxa numa buceta branca? Um cu bege numa pica ruiva? Uma lingua vermelha numa rola negra? Uma lingua roxa num cu amarelo? Uma rola branca num cu vermelho?
E em meio a tantas possibilidades, redescobrimos jóias do nosso passado (nosso, o passado de tantas sapatas, de tantas travas, das bichas, viados, giletes, invertidas..). Jóias, que nos inspiraram ainda mais e vão continuar inspirando: The Cockettes, grupo norte-americano de São Francisco que desbundou nas décadas de 1960 e 1970 e colou gliter na barba e paêtes nos pentelhos; o Lampião da Esquina, jornal que tratava das nossas inversões com deboche, esculhambação, denúncia e muito desbunde; as brasileiras, Dzi Croquettes, quase contemporâneas as primas gringas, que incorporaram ao brilho, a palha e a chita. E as torcidas gays, dentre elas, a Coligay, torcida do Grêmio Futebol Clube, que invadiu estádios nas década de 1970, rebolando e batucando no meio dos machos. Enfiando bichice guela abaixo.